O mistério da elevada taxa de mortalidade das ostras francesas parece estar desvendado. Os moluscos jovens estão a despender muita energia para desenvolver os órgãos sexuais ficando, por isso, mais vulneráveis a um vírus letal.
O esforço que as ostras jovens francesas despendem para desenvolver os órgãos sexuais deixa-as sem defesas para enfrentar as agressões virais. O OsHV-1 é apontado como a principal causa da elevada taxa de mortalidade desses moluscos em França.
A descoberta foi feita por investigadores do IFMER-Instituto Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar. Os cientistas acreditam assim ter encontrado a explicação para o fenómeno que está a dizimar grandes quantidades de ostras francesas.
As mortes de ostras jovens durante o Verão em França ocorrem todos os anos. A diferença é que essa taxa é agora muito mais elevada, entre 40% a 100% em todo o país. É a pior crise dos últimos 30 anos enfrentada pelos produtores.
Sem riscos para a saúde pública:
O OsHV-1 (Ostreid Herpes Virus, que não tem relação com a herpes humana) é conhecido pelos cientistas desde os anos 90. Este ano, porém, está a beneficiar de condições climáticas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.
Um Inverno mais ameno e uma Primavera chuvosa levaram a um maior desenvolvimento das algas que alimentam as larvas, permitindo um rápido crescimento do molusco.
Segundo os pesquisadores, este desenvolvimento precoce não é positivo, visto que a ostra despende muito mais energia para desenvolver os órgãos sexuais, ficando assim com menos defesas.
Uma bactéria - vibrio splendidus - identificada nas ostras mortas também pode ter facilitado a instalação do vírus.
Segundo o IFMER, o vírus apenas afecta os moluscos com menos de um ano de idade e não as ostras adulta, que são as destinadas ao mercado consumidor. Razão pela qual o problema não oferece perigo para a saúde pública nem implica na proibição da venda de ostras em França.
Japonesas substituíram ostras portuguesas
Recorde-se que, nos anos 70 uma doença que demorou a ser identificada dizimou as ostras de origem portuguesa que eram produzidas em França. Os moluscos foram substituídos por outros naturais do Japão e que agora representam 95% da produção francesa.
Para enfrentar a crise, o Ministério da Agricultura francês vai libertar ajudas financeiras e conceder isenções fiscais aos produtores mais afectados. A França é o primeiro produtor europeu de ostras e o quarto mundial, perdendo apenas para a China, o Japão e a Coreia do Sul. O país produz 130 mil toneladas por ano e tem cerca de 20 mil ostricultores.
Expresso
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