De acordo com um estudo publicado na BBC News Magazine, preveem os especialistas alimentares que, daqui a 20 anos, farão parte da nossa dieta alimentos como insetos, comida ultrassónica, carne feita em laboratório e algas.

O aumento do preço dos bens alimentares, o crescimento populacional e as questões ambientais, contam-se entre os fatores que mais preocupam os especialistas relativamente ao futuro da alimentação. A questão dos preços fará, por exemplo, com que, no Reino Unido, a carne se torne um bem de luxo, nos próximos cinco a sete anos, com os custos a atingirem o dobro dos valores atuais.

Morgaine Gaye, especialista alimentar, sugere alternativas à carne:

Insetos: Segundo investigadores da Universidade de Wageningen (Holanda), os insetos contêm maior valor nutricional do que a carne, são grande fonte de proteína, o processo de criação é mais económico do que o dos animais, consomem menos água e a sua pegada ecológica é muito baixa. Julga-se que existam 1400 espécies de insetos comestíveis.

Grilos, gafanhotos, lagartas e vespas, são já consumidos regularmente por vários povos. O governo holandês estuda atualmente a inserção de insetos nas dietas alimentares, tendo já investido um milhão de euros na pesquisa e no desenvolvimento de legislação que regule a criação de insetos para alimentação.

Alimentação ultrassónica: O “Bittersweet”, um estudo da Universidade de Oxford, concluiu que certos tons poderiam dar um sabor mais doce ou mais amargo aos alimentos. Pensa-se que poderá haver um impacto importante no uso da música para remover ingredientes prejudiciais para a saúde, sem que o consumidor se aperceba dessa diferença no sabor.

Algumas organizações já relacionam atualmente a comida e o som das embalagens: uma marca de batatas fritas alterou o material da embalagem, de modo a tornar o som da abertura parecido com o som estaladiço das próprias batatas-fritas; um restaurante inglês criou um prato chamado “Som do Mar”, o qual é servido com um iPod a tocar sons do mar, a fim de fazer com que aquela comida pareça mais fresca.

Carne feita em laboratório: Cientistas holandeses conseguiram, recentemente, criar carne em laboratório, a partir de células embrionárias retiradas de vacas; esperam criar, ainda neste ano, o primeiro hamburguer totalmente “in vitro”. Apesar de tudo, esta ideia não é recente: já tivera a NASA, há vários anos, a ideia de cirar carne “in vitro”, para alimentar, no espaço, os astronautas.

Cientistas da Universidade de Oxford concluíram que esta alternativa reduziria significativamente quer o efeito de estufa, quer o desperdício de energia e água na sua produção; diminuiria, igualmente, a quantidade de gordura e aumentaria a de nutrientes.

O maior desafio para os especialistas é o aspeto do produto: uns defendem que deve ser parecido com a carne tradicional, outros acham que ainda é cedo para se determinar qual o aspeto desejável.

Algas: Existem mais de dez mil espécies no mundo e com diversos sabores. O seu cultivo pode ser feito no mar, servem de alimento a homens e animais, e apresentam propriedades energéticas como a produção de biocombustíveis, que pode ajudar a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

O cultivo de algas poderia tornar-se o maior de todos (é a planta que mais cresce no mundo), sendo já uma realidade considerável em vários países asiáticos. Tal como os insetos, as algas podem fazer parte da nossa dieta alimentar sem que nos apercebamos.

Cientistas da Universidade de Sheffield Hallam (Inglaterra) utilizaram já grãos de algas para substituir o sal em alimentos como o pão, as refeições prontas dos supermercados, as salsichas e o queijo.


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